Saída de Emergência | "Forças do Mercado" de Richard Morgan

P.V.P.: 14,94 € 
(à data da publicação deste post)
Nº de Páginas: 448

Sobre a obra:
Um clássico da ficção científica moderna sobre os perigos do capitalismo selvagem 
Richard Morgan convida-nos a mergulhar num futuro tão horrendo quão certo de estar já ao virar da esquina. Com o povo definitivamente afastado dos centros de decisão e as grandes corporações a controlar o mundo, a globalização é brutal e não há separação entre as salas de reunião e o sangue nas ruas.
Chris Faulkner é um executivo em ascensão no negócio dos Investimentos em Conflitos, onde as decisões são tomadas com duelos até à morte. A acção dá-se nas auto-estradas e os executivos, ao volante de carros artilhados, tentam atirar os rivais para fora da estrada.
No início, Faulkner prefere deixar os adversários no hospital e não na morgue, mas cedo terá de repensar a sua filosofia. E com o seu casamento a ruir, a consciência a pesar e os amigos a reduzirem-se, o nosso herói parece destinado a transformar-se num monstro ou num corpo mutilado.

Sobre autor:
Acho que nunca me senti tão desanimado como quando na aula de Inglês do meu sexto ano abrimos David Copperfield na página um e vi o título do capítulo: «Nasci». Bem, isso explicava certamente a extensão da maldita coisa mas, convenhamos, não é um bom começo para captar a nossa atenção. Nasci em 1965 (por acaso, sem coifa) mas avancemos um bocado mais. As mais remotas recordações da minha adolescência colocam-me numa cidade-dormitório chamada Hethersett, a cerca de dez quilómetros de Norwich na estrada A11 para Londres. O distrito de Norfolk estendia-se qual uma panqueca em todas as direcções ao meu redor. Lindos pores-do-sol espalhavam-se através de céus vastos e campos infindáveis, mas não era bem aquilo a que chamaríamos de paisagem. Tive uma educação rural tranquila e um confortável percurso ascendente a nível académico graças ao sacrifício que os meus pais fizeram para que eu pudesse prosseguir os estudos. Eu era bastante solitário por natureza, enterrava-me nos livros e na música a maior parte do tempo, era violentamente alérgico a jogos de equipa e moderadamente atónito com a importância que os meus poucos amigos atribuíam a beber cerveja e a arranjar namoradas.Foram precisos cerca de cinco anos para tudo isso se alterar. Antes de completar os dezoito anos eu já tinha experimentado os vícios habituais dos teenagers locais: vodka (uma boa opção para alguém que nunca gostara do paladar das bebidas alcoólicas), droga (éramos todos tão cool naquela época!!!) e uma primeira paixão arrebatadora que estava rapidamente a descambar. Devido a isto (à paixão e não às substâncias químicas), consegui estragar por completo o meu primeiro ano no Queens´ College, Universidade de Cambridge, e resolvi reflectir seriamente no Outono do segundo ano. Ali estava eu, entre quantidades quase obscenas de privilégio e oportunidades, e estava a desperdiçar tudo. Tinha um primeiro ano meio feito em Línguas Modernas, um coração despedaçado que eu tinha a certeza de nunca mais ter cura e não tinha a mínima ideia do que fazer em seguida. Como se alguma vez tivesse havido necessidade de provar que a Universidade devia ser antecedida de um período de três anos no mundo real, eu era essa prova. O exemplo ambulante, o ideal Platónico, do automático desnorte do candidato a licenciado.Todavia, por acaso acabou tudo por correr pelo melhor. Mudei para o curso de História com uma vertente política e filosófica, fiz mais alguns amigos e regressei à vida das substâncias químicas e do sexo (desta vez casual) que iniciara tão tardiamente na adolescência. Daí em diante a vida na Universidade foi tudo o que eu poderia ter desejado, começando com os minúsculos fragmentos de tempo que os meus novos estudos exigiam de mim. Eu nunca consegui realmente ultrapassar o facto de que o sucesso académico era subitamente algo que exigia um esforço substancial e deixei o mundo universitário dois anos depois com uma média de curso nada especial e duas ambições, bastante inocentes, redescobertas da minha adolescência. Queria viajar. E queria ser escritor.Claro que querer não é poder, mas a minha educação bastante protegida não me tinha ensinado isso, nem sequer os três anos numa instituição de ensino onde mulheres de meia-idade eram pagas para limparem o meu quarto e fazerem-me a cama todos os dias. Para ser mais directo, eu estava muito mimado. Fui para Londres, tão entusiasmado como o Dr. Watson no início de A Study in Scarlet. Ao contrário do Dr. Watson, eu não fazia tenção de ficar muito tempo; ia apenas juntar algum dinheiro, escrever algumas coisas e depois partir mundo afora, pagando as minhas viagens com as quantias generosas que iria arrecadar com a minha brilhante carreira enquanto jovem romancista em ascensão.Pois!Londres arrumou logo com essas ideias. Independentemente do que se diga de Londres, seja bom ou mau, aquela cidade consegue sempre reduzir-nos à nossa insignificância. Não existe outro lugar do mundo em que eu tenha estado que nos ensine tão bem o valor relativo do nosso lugar no esquema geral das coisas. 

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