Opinião - "A Rapariga no Comboio (Edição comemorativa)" de Paula Hawkins | Topseller


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Opinião:
Após quase 1 ano do seu lançamento e alguns meses antes do lançamento da sua adaptação cinematográfica, chegara a altura de ler este tão falado livro. Fui estando atento ao que por aí se falava e é certo que vi falar muito bem, vi falar muito mal, e quanto mais opostas as opiniões, mais aliciante se torna. 
Não há duvidas de que Portugal seguiu a tendência internacional e rapidamente o catapultou para o top de vendas desde o seu lançamento e lá continua durante todo este tempo a afirmar o seu sucesso, há quem diga que é mais marketing do que nada, mas seja ele marketing inteligente, ou não, eu não quero saber, o que é certo é que está a vender e posso garantir que justifica a suas vendas, aliás mais do que outros que passam pelo top e nem lá mereciam estar, mas não é sobre isso que vim escrever.
(esta nova edição comemorativa de capa dura está fabulosa)

Paula Hawkins apresenta-nos um thriller bastante bom, num puro ambiente Londrino na perfeição. Castanho e sombrio, como se os dias fossem sempre assim, uma realidade fora destas páginas. 
Acompanhamos desde início Rachel, nas suas deslocações de comboio (sim, ela é a nossa Rapariga no Comboio), nos seus dias de desempregada, sem rumo e sentido, com problemas de álcool e que passa grande parte de seu tempo embriagada, perdida do seu sentido de vida, vive isolada da sociedade num quarto que a sua amiga lhe oferece estadia onde tolera todas as suas idiotices e afins. 
Megan, é-nos introduzida poucas páginas depois sem fazer qualquer sentido ainda a sua participação, mas que nos conecta com Anna também, esta a terceira mulher que será também a terceira narradora. 
Portanto, temos subúrbios de Londres como local da acção, dias frios e mórbidos criados para um crime perfeito, para pessoas frias e misteriosas, envoltas em segredo. Viagens de comboio que contemplam um cenário de primeira fila para a vida privada dos residentes, onde na realidade para quem visitou as terras de sua majestade e se deslocou de comboio, pode facilmente pintar o ambiente envolvente, com casas junto à linha de comboio, janelas, varandas, jardins nas traseiras das casas, que nos permitem ser intrusos durante a passagem de comboio.
Rachel, ex mulher de Tom, presa ao ex-marido misterioso, com seus os problemas, que dado o seu historial é uma pessoa sem credibilidade alguma, que vai ver e descobrir demasiado, descobre numa investigação uma razão de estar ali e estar viva, algo que a faz sentir novamente útil à sociedade, mas poderá rapidamente perder todo o seus entusiasmo. 
Megan (que para Rachel enquanto desconhecida é Jess), a mulher de Scott (que para Rachel enquanto desconhecido é Jason), um casal perfeito, cheio de amor e felicidade, cheio de problemas dentro de casa e muitos mais escondidos. 
Anna, a mulher actual de Tom, que foi amante dele enquanto casado com Rachel. Sofre de perseguição por Rachel e pelo trauma que tem por este ser um perigo para a sua bebe.
Basicamente é isto, e com muito mais por dizer, mas cabe a vocês descobrir.

Não consegui ler o livro sem pensar no livro / filme “Em Parte Incerta” e acho que isso foi algo comum a quem conhece o livro ou o filme. Tal como “Em Parte incerta”, comecei logo cedo a criar empatia com algumas personagens mas rapidamente me virava contra elas, e voltava a adora-las. Conseguiam-me enervar e revoltar por momentos, e logo depois já sentia que eram vitimas do azar. Não sei se alguém leu o “Antes de Adormecer” mas epah, não sei porquê mas por vezes pensava “bem… mas isto é outro caso como o da Christine?”, se calhar sim porque a memória ali falhava, se calhar não porque seria por Rachel estar alcoolizada, mas isso tornava a leitura mais produtiva e interessante. A estrutura e escrita do livro está óptima, capítulos nem muito curtos, nem muito longos. Começamos com Rachel, que será sempre a nossa personagem central, e seguida de Megan a narrar temporalmente 1 ano antes do que Rachel, mais para a frente é introduzida Anna, mas vamos sempre alterando capítulo em capítulo, entre as personagens, identificando sempre temporalmente em que altura do dia se encontram, o que ajuda imenso enquanto lemos, a encaixar todas as pecinhas do puzzle e enredo que vamos seguindo. 
Contudo nem tudo é maravilhoso, e confesso que tive uma parte ou outra que deixavam a desejar mais acção e menos narrativa, mas logo de seguida esse sentimento era desfeito. Outro ponto, já que Cathy faz parte da vida de Rachel, penso que devia ter sido um pouco mais falada no final, acho que faltou ali um pouco mais de conteúdo em relação à sua reacção e continuação de vida, depois da ausência, fiquem sem perceber se orgulhosa, se revoltada, etc… 
Demorei aproximadamente 8h a ler o livro, repartidos por 5 ou 6 dias, certamente se pudesse tê-lo-ia feito duma vez, mas não dá para isso. Neste momento aguardo com grande expectativa o filme e vou manter a autora na lista a seguir.
Não menosprezando outras editoras, que adoro os seus livros também e que continuo a comprar, este foi o melhor livro que li do ano passado, e por graça ou não, já há 2 anos também foi um título da Topseller, o “Invisível”. Continuem assim com o excelente trabalho que têm feito. 


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